Por
mais voltas que o mundo dê
atiro-me
às searas nascentes
como
a água para os sedentos vãos
embelezo-me
com tintas puras
corto
das árvores as urdiduras infectas
dou
folguedo em dias sem calendário
distingo
os lugares com moldura
em
vez da monotonia de uma hibernação.
Dê
as voltas que o mundo der
desaprovo
foros da jactância
destrono
bestiários vindos das trevas
desalinho
estrelas que bebem desordem
dispenso
patriarcas conselhos de anciãos
desencomendo
vendas para os olhares
desencravo
portas enferrujadas
destravo
rodas pendidas sobre o abismo
descoloco
mapas afinados em parafina.
Em
todas as voltas em que o mundo se insinua
venho
ao mar receber o sal das divindades
aplaudo
trovadores dos mundos anónimos
cozinho
músicas no alpendre do luar
apanho
comboios sem destino aparente
pergunto
às pessoas se me podem sorrir
danço
sem saber dançar
e
povoo a tela diante do olhar
com petitas apanhadas no restolho das árvores
enquanto
sussurro ao ouvido de um cavalo
que
as mãos da terra apanham caminhos jurados.
Contando
todas as voltas ensaiadas pelo mundo.