A
obra completa.
Os
lábios grossos, quentes
sedentos
de beijos que crepitam.
A
perfeita textura do horizonte.
O
doce entardecer suavizado
por
um cálice de vinho branco.
A
coleção de divindades que não existem.
O
entorpecimento que não desassisa.
Os
olhos todos, em coreografia cruzada.
O
paredão do cais
preparado
para rebater o mar furioso.
O
precipício que se compõe
e
a arte de o deixar em solidão.
As
árvores metidas no meio do nada.
O
número que desabita o deserto.
As
palavras compungidas
para
os momentos desacertados.
Antídotos
sinceros para os punhais assestados.
Um
grito da alma no perfume da alvorada.
Esteios
agarrados por delituosos capatazes
e
as mãos trémulas que deles
(esteios
assim compostos)
fogem.
Um
abraço ao corpo todo
os
braços tomando o corpo na plenitude.
Para
sentir a inteireza
e
deixar escrito em grossas palavras
pintadas
pelas paredes da cidade
que
não se capitula.
E
que essa é a obra completa.