Estamos à espera
que seja a chuva
o ato dissolvente da verbena,
a chave enferrujada
que desarruma o vertical critério?
Partimos.
Pelo caminho
agilizamos a conversa.
“Não sei do método capaz
sem a ajuda dos compêndios
sem estar sitiado
no remoto pensamento alheio”,
protestas.
“É o leito atapetado por pedras,
a contingência do pensamento.
Não dês importância:
verás em sonhos
a ousadia que não reconheces
ao teu pensar.
Deixar-se-á de colocar
o problema da originalidade”,
respondes
com alguma condescendência.
“Duvido.
Duvido muito.
É a minha via sacrificial.
Gostava de duvidar menos.
Gostava de não duvidar”,
acrescentas,
uma lágrima assomando ao canto do olho.
“Dir-te-ia
ser um erro
se não me convencesse
que não há certezas válidas.
(Talvez,
talvez a única certeza que admito.)
Toma como medida
as linhas em que a pele se entretece.
Enverga o epistolar sargaço
onde se desenovelam as dúvidas,
umas atrás das outras.
Sossega:
as dúvidas são a tua riqueza.
As certezas,
o teu penhor,
hipoteca irremediável”,
contrapões,
enquanto faz perder o olhar
no horizonte baço
que é a parede por diante.