Mais que um sítio
um corpo catedral
um beijo frutado
o pânico sitiado pela volúpia
– o adiamento dos adiamentos.
Arrumam-se as gavetas.
O tirocínio exaurido
(entre as paredes tingidas
e os olhos cansados)
no involúvel segredo sem janelas
nas folhas onde se depõe o ouro,
o ouro que somos
– e já não somos tirocínio.
Tomo entre mãos
o caudal voraz
sei-me capitão sem comenda
poeta sem instrução
comendador sem capitania
instruído no dorso de um poema
– imperador dos impérios sem limites,
dos impérios que não têm mapa,
desenhando as vírgulas em seu lugar
anotando memórias para lugar futuro
perseverando.
Não sei o que está nas gavetas.
Tenho a agenda completa
com a maresia que me extasia
a suave simetria do mar
desenhada no alabastro do céu
o teu rosto que me conforta
o teu peito em espera
o sentido cais em que somos prazer.
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