11.10.18

Estatuto

Quero
o conforto
de teu regaço fecundo
a muralha onde escondo
meu peito
das contrariedades militantes
o despojo de tuas lágrimas
para meu acetinado chão
o rumor ciciado ao ouvido
sementeira do desejo sem freio
esteio de vícios sem matéria.
Quero
o doce toque de teus dedos
a maresia penteando meu rosto
a vertigem sadia
uma droga fervente
ao colo do meu colo
a serventia do caudal torrencial
um beijo noturno
quente
o teatro de nossos seres
a espuma 
desenhado no uníssono de nossas mãos
a sede de nós
a sede de sermos maestros e compositores 
das partituras por que nos regemos.
Quero
o lugar que somos nós
património singular
a quimera no fundo dos corpos
irradiando espelhos sem arestas
reunindo numa partículas
todas as palavras mareáveis
todo o amor.

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