O esporão desencavilhado
o eremita sem sono
no derramado copo de cultura
evita o levitar das janelas frágeis.
Quase todos os dias
um equânime sorriso
efervesce a discreta generosidade
e o eremita sentencia-se à sua anulação
à axial
contrafação dos indultos projetados
para fora das suas fronteiras
ao passo que em si usa uma espada
que o trespassa sem verter sangue.
A rosácea aberta
com o favor do sol que sobre ela se
arqueja
desmente as piores modulações das coisas
os arautos das pontiagudas pedras
que esperam pés desprevenidos
numa laceração vicentina.
Às vezes
o eremita não se contenta com a
espada astuta.
Desembainha as esporas afiadas
para o caso de não ser bastante a penitência.
Inglória aventura:
as lágrimas são fonte
seca
e as dores
imigraram do dicionário dos sentidos.
Depois
tudo fica com uma clarividência estrelar:
desprendem-se os nós verdugos
os que desembolsaram
o capital social da inquietação
os que tiveram cobertura de demónios sonhados
em perfeita arritmia dos sentidos
como quem atira areia para os
olhos
só para mascarar os palcos
que interessa
esconder.
Não há proveito nas estações desapiedadas.
Não colhem os frutos podres
nem o amargo veneno em nota de
rodapé.
O eremita não é (eremita).
Tem andado ao engano
apoderado por um papel que lhe
meteram
entre duas distrações cósmicas.
Agora
o eremita tem de aprender
(a não ser eremita).