9.2.17

A outra margem

Um rio-ponte
desfaz-se no remoinho das pedras varonis.

Deixa de ser ponte.

E,
todavia,
um clarão-surpresa
confere a centelha das ideias.
Não intimida,
o caudal voraz:
as braçadas serão fortes que cheguem.

Dirão que só um endemoninhado
mistura o corpo com aquelas águas
irascíveis e geladas
possivelmente refúgio de rochas pontiagudas
rochas de atalaia
prontas a usar o punhal
que das extremidades se funde com o caudal.

Não interessa o que possam dizer.

Em boca de cena
contra os gemidos de amedrontados curadores
mesmo com a roupa em cima do corpo
mergulha na correnteza desenfreada.

Em sendo mais desenfreado
venceu no braço-de-ferro.

A outra margem era apetecível.

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