8.2.17

Obra feita

Ah! as vendas cerzidas nos olhos
bestas em desvirtues constantes
triunvirato:
sede
precisão
perseverança. 
Daqui de onde vejo
estandartes lisos na aurora bastarda
vontades rombas
ironias próximas
pesares desconvocados. 
Aposto no sapato sem chão
apesar das nuvens altivas
apesar dos estorvos encostados ao cais
na miríade de olhares em maré contrária. 
Daqui para a frente
demito as resoluções firmadas
no embaraço das pontes fugidas. 
Não aprovo o sal gasto
que leva vantagem sobre a chuva negra
nem tiro da algibeira as moedas sobrantes
para gáudio dos artífices das justiças
sem deuses. 
Chega-me um olhar:
terno
recolhimento
semente. 
Daqui de onde parto
sei que chegarei a lugar ermo
e seguro. 
Os patamares que se levitam
por cima das nuvens
são o agasalho que espero. 

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