Sem saber nadar
atiro-me para
dentro dos teus olhos
o poço de águas
leves
a carne quente
onde repouso
no beijo macio
que traz tempo de volta
e os olhos que
marejam no cais sentinela
algures numa lua
sem freio
onde somos
despojados por decreto nosso
sem as vestes por
defeito
apenas corpos em
entrega
e o mergulho nos
olhos recíprocos
com o sal
quimérico
o suor doce
as camas
desfeitas
as roupas
perdidas
as montanhas
transfiguradas em planície
os navios dos
nossos olhos quentes
onde selamos o
baluarte de nós
desatando os nós
túrgidos
as alfândegas a
destempo
as flores
metidas no seu avesso
os lençóis frios
à espera de fogo
em tempo sem
tempo de que somos reis
num palácio sem
mapa de que somos tutores
sem mais nada lá
fora
a não ser o que os
nossos dedos desenharem
num dote ímpar.
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