14.2.17

SMS (Save My Soul)

Âncoras que reluzem impecáveis
sob o sol duro do estio durável.

Ou apenas
navios que não gastam o mar
enquanto dão as mãos às ondas vadias.
Gémeas almas
entrelaçadas nos nós macios do amor.
Gémeas almas
que cruzam olhares
deitando feitiços nos objetos entesourados
olhares que consomem desejo.

Ou apenas
um beijo atapetado no rosto suave
um peito aberto como cais
um livro inteiro com páginas consagradas
o ouro cheio na garrafa guardada
e o mar que enche a janela sem freios.

As homenagens são-nos tributadas
na multidão que somos nós
sem os embaraços dos rostos fugazes
com a medida certa da inscrição que deitamos
num poema fervente
num poema em feitura contínua.
Pois somos a medida inacabada
do todo que congeminamos em mar perene.

Não desejamos ao tempo
se não a mesma ânfora vivaz
que nos traz numa constelação sem adjetivos
a não ser o substantivo inderrotável do amor.

E eu,
no promontório prometido
penhor da quimera onde me tenho
na gratidão sem fim ao amor que me tens.

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