7.2.17

Tornas

Nada sem uma parede baça.

Os braços desatados atemorizam-se

O cavalo acobreado ajoelha-se, cansado.

Beatas adolescentes esganiçam cantorias.

O soalho molhado está escorregadio.

O autocarro solta muita poluição.

O senhor ministro assoberba-se.

A ave pernalta beberica algo.

As páginas do jornal não recomendáveis.

O senhor doutor ostenta bata e estetoscópio.

O mendigo operacional vagueia na noite.

Dois documentos perdidos alojam-se na valeta.

A caixa do medicamento no banco do jardim.

O bancário passeia a gravata nova.

A escuridão do dia mete dó.

As mãos que batem à porta, sujas de cimento.

A bibliotecária exaspera-se com o burburinho.

A realidade paralela.

O ócio perene.

A fartura de predicados, justapostos.

Sem adiamentos possíveis.

Só pele pura na alvura da neve.

E a beleza sem peias.

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