22.2.17

Mar sem chão

Arrancar dos dédalos vociferantes
dos distintos nós que esperam desembaraço
com os pés leves que se embebem na manhã
sem o medo dos vultos que açambarcam o céu
nem das fábulas com selo das gentes lhanas
pondo nas mãos
o prodigioso planar sobre o mapa aberto
sem esquecer
o rumorejar do mar a desfazer-se na areia
numa luta desigual
e, todavia, teimosa
para vingar no pleito 
contra musculadas divindades 
feitas para dispor as contrariedades
no tabuleiro do jogo. 
Sopesam-se
os ventos que não correm de feição
os remoinhos que tomam conta do corpo
a ossatura que dói
o entardecer que levanta a poeira 
dos espantalhos insistentes
e sobra
um pequeno grão de um cereal sem pertença
a idílica fonte onde o corpo assustado
vai saciar a sede do porvir,
retomando a soberania de si mesmo. 
Pois nada se contempla
no equinócio bastardo das funções apoquentadas
sem que,
em dobro,
ouro aquecido queira de mim um regaço. 

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