O abraço
da maré alta
em convulsões dionisíacas
mostra o pulsar da manhã.
Nestes preparos
volto ao lugar eminente
onde as safras enjeitadas vão a jogo
e perfumes diametrais se cruzam nos
corpos
e os pés
molhados se entaramelam na areia.
Sempre quis indagar
o que escondiam as rochas submersas
sem ter de esperar pela maré baixa.
Quis só
poder perguntar
que danos viriam em meu pleito
e não
tanto
como
podia terçar armas em contrário.
Não
pude esperar pelo anoitecer.
O abraço
da maré era convidativo.
E eu depunha os pés algozes
na fria água
que rompia a areia
onde o mar frutuoso tinha embocadura.
Desaguei num cais vazio
o mar parado por companhia
e o grasnar irado das gaivotas em
redor.
Parecia um lugar sombrio
desolador
a bruma da
decadência
que
não julgava por penhor.
Em vez de fugir
demorei-me
a apreciar o lugar.
Acendi um cigarro amarrotado
à
procura de sinais de fumo.
Só
parei
quando as ruas
deixaram de estar desertas
e a noite foi removida pela manhã fresca.
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