13.2.17

Velhos

A quadrilha dos estonteantes velhos
pratica estragos.
Contra os açoites das artroses
dos ossos cansados e das vigílias desamparadas
perseveram no umbral dos relógios
denunciando a conspiração que se orquestra
(a conspiração que sussurra a decadência).
A quadrilha desmonta
o pueril arsenal dos jovens
a arrogância viril
os artefactos desarmadilhados
o fogo de vista que nada incendeia.
Atira-se em pose terrorista
contra os aldrabões do império
que congeminam contra a senescência
– o fio de cobre que ata a vontade
quando ela sucumbe ao trovão mestre,
o chamamento sem recusa.
Em quadrilha
hasteando os frugais, mas estatutários,
estandartes da experiência
rebelam-se contra
a indolência
a anestesia geral dos estados servis
a lã lavada em fontes imprestáveis
a preguiça do pensamento
a indiferença do conhecimento
o sal mendaz das litanias próximas
o coágulo tirano não coado.
A quadrilha dos estonteantes velhos
prova
que os velhos,
os legítimos velhos,
se albergam algures
nas paredes falsamente frondosas
e, todavia,
destituídas de interior.
E gritam,
os membros da quadrilha:
só à velhice darão de barato
quando a morte lhes ganhar no braço-de-ferro.

Sem comentários: