1.3.17

Desorgulho

No insaciável anseio
de os olhos cobrirem a maior parcela das coisas
debati-me com o sufrágio da utilidade. 
Seria uma ambição 
(por assim dizer)
ufana
o narcísico poder de ostentar
a usura das muitas paragens demandadas
– ou de como o vento preso nas mãos
transborda num imenso nada. 

(Como os aspirantes a eruditos
esbracejam erudição de almanaque
só para apoucarem os demais
e se elevarem a um púlpito
de onde os olham com sobranceria.)

Talvez sejam bastantes as metáforas
o encadeamento dos materiais entrelaçados,
já sem possibilidade de os distinguir,
a jeito dos olhos todos
que por junto
não são desafiados ao desconhecimento. 
A tirania do orgulho
projeta na tela amarelecida
a fragilidade dos imberbes
dos que não se contêm dentro dos seus limites
(porque neles despertencem)
e atiram para o estirador dos outros
as cores que nem eles sabem ter uso. 

Admita-se:
dos males maiores
o garbo das proezas
para consumo exterior dos seus fautores. 

(E daqui já se descontam
as proezas dos mitómanos
sem emenda).

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