7.3.17

Vela de prata

A vela do navio por mim adestrada
rompia o vento e as marés
dentro de um casulo amuralhado.

Via-me marinheiro
nos mares todos
os conhecidos
e os que inventasse
sob a condição
de o sextante ser mapa sem segredos.

Marinheiro, eu
apostando com as ondas do mar
tirando a justa recompensa de cais esporádicos
apostado em ir
até onde o mundo tivesse fim
para provar que fim não tinha.

As gotas dos mares
em seus sabores almiscarados
esmagando-se em meu rosto sedento
tutoras dos lugares desarvorados.

Não era certa a data do regresso.
Não era certo o regresso.

Queria lá saber:
no dote pujante dos mares demandados
sabia nascer os dias todos
penhor das pedras preciosas
escondidas no avesso das mãos.

O segredo
afinal
estava embutido
no leme da nau sob minhas mãos.

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