29.3.17

Hoje

De hoje
sobra o sedimento apurado
nas fronteiras do sentimento. 

De hoje
trago ao peito os lugares devolvidos
num promontório esquecido. 

De hoje
atiço ideias sem a poeira do amanhã
enquanto me despojo das ruínas. 

Do hoje
sem ontem a arquear
nem amanhã diletante
prometo destronar 
a candura das velas acesas
dos mastins esfaimados
que se atiram à carne e ao sangue
dos profetas desapossados
em preparos desassisados
dos mandantes sobranceiros
das árvores sem fruto
da ira sem serventia
das campainhas estouvadas. 

Do hoje
sem peias
sem pejo
no lauto jantar
à minha espera. 

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