15.3.17

Ritual

Ferro os dentes
na véspera da ira sem medula
enquanto atiro o céu emaranhado
para os despojos da memória. 
Não quero saber
das curas antecipadas
não procuro se não um baluarte meu
onde possa o sono lançar âncora
onde possam as nuvens sombrias
ser um pedaço,
passageiro. 
Espero que as desmedidas
se inclinem ao chão de flores
que é meu habitáculo. 
A tempestade
não colhe entre os caules profundos
onde se esteiam os olhos fundos
onde os escombros têm sepultura
e onde se escondem
os dedos outrora murchos. 

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