Olha:
uma folha em
branco.
A forma à espera
de tamanho.
Um cuidado em
diligência.
Lápis sentado
entre a muleta
do pensar.
Um comboio
atrasado
à frente da
nuvem.
O gato sonolento
ronronando.
A bandeira
rasgada
ao vento vadio.
A faca esgaçada
no estertor da
ira.
O deserto do
rosto
sob o gelo
contumaz.
A urze que medra
no desmentido do
outono.
O pregão sem
rosto
na voz deslaçada.
A página roubada
ao plágio improvável.
A trova mugida
do lóbulo
estrelar.
Frutos podres
antes do tempo.
O tempo que foge
na penumbra
coagida.
A coação das
palavras
sob a égide de
uma espingarda.
Espingarda maleita
no avesso do
mar.
Mar desnatado
sem fruição.
Discurso obnóxio
de pajens sem
vontade.
Um posfácio sem
redenção
no aproveitar da
roda incansável.
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