8.3.17

Véspera

De véspera
onde a roupa cintada ainda serve
depois dos engodos pueris
depois das ruas malquistas.
Congraço as teias ainda húmidas
no tojo recolhido nos montes altos
e dedico ao devir páginas e páginas
ousadas
pretensiosas (talvez)
silenciosas.
Sorrio ao chão que os pés abraçam:
dizem que é fruição que não se abjura
ou talvez
os deuses irados mutilem o tempo 
em sua serventia.
Dizem
que devemos respeito às divindades
aos cultores de uma ordem estabelecida
ao mar ameno por onde nos é dado marear.
Não dizem
que capitulamos no imperativo respeito 
sem direito a interrogações
sob a mácula da admoestação temerosa
e da humilhação por dissidência 
sujeita a vitupério.
Eu quero
que as vésperas sejam faustosas
que delas verta o doce vinho
sobre cálices formidáveis
que nelas se deitem os tumultos todos
sem direito a repristinação.
Quero
que das vésperas se soerguem
os rudimentos inteiros
e por dentro do tempo vivido
se junte sob os pés a personificação perfeita
que sobrepuja os contratempos.

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