28.6.17

Atavismo

Um porventura beato obnóxio
terçou armas ferozes
sarcásticas
contra os arquipélagos que o sitiavam. 
Manobra de diversão
ou simples engasgar de sobrevivência
ninguém
(a não ser o próprio)
podia certificar. 
Era um daqueles dias repetitivos:
o agente convencido
que o demais mundo, 
imensa teia conspirativa,
e ele sua vítima predileta. 
Um dia
orquestrou sua vingança:
haveria
de sequestrar o abastecimento de água
jurar-se informático pirata
e tirar os sentidos à rede elétrica
contaminar com os piores vírus
a rede informática
para que as pessoas se sentissem
outra vez
como nos medievos tempos:
sedentárias sem remédio,
espalhando o caos
subtraindo as interiores bússolas
que conferiam sentido às pessoas. 
Não revelaria a identidade do crime
(que muito prezava a liberdade)
nem pediria resgate. 
Só queria
por um dia inteiro fora
os modernos devolvidos à medieval era
como paga
de o terem inundado com tanta,
e pungente,
modernidade. 

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