8.6.17

Catedráticos de aviário

O vinho estragado
em rima
com ideias mal urdidas
de velhacos na pose de catedráticos.
A supina soberba
substitui-se
aos pergaminhos que contam;
do escrutínio dispensam-se os preclaros.

(Mal pudera ser
que os demais vegetam em inferior patamar
– ia proclamar “homessa”,
mas a marcha-atrás ditou-se:
um deles,
dos mais sabichões,
tão senhor da erudição
e de certezas incontestáveis,
escreve “omessa”).

São eles
o vinho estragado.

E, todavia,
teimam em serem servidos em finos cálices
e de,
em sua homenagem,
se obedecer a cerimonial de casta.

Pelo meio
destilam páginas e páginas
no bolorento desfilar de decoro,
que insistem em ensinar aos néscios
– especialidade bestunta:
ensinar democracia
e rios de tinta e tinta
sobre igualdade
(um imperativo tão aristocrático).

Mal os espera
o impiedoso adágio
popularizado pelo mesmo povaréu
de que se dizem advogados de defesa
mas em privado se entretêm no vil desdenhar:
o olhar que se desvie para a retórica
e a distração seja arrebanhada para os atos.

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