Nas montanhas ideais
onde os freios deixam de ser
freios
e as lâmpadas ensaiam a luz
sem peias
no equinócio onde se
orquestram as almas
sem pastor para as apascentar
tirando as meadas das grutas inóspitas
remoendo o trovão disfarçado
sem medo dos medos que sejam
e dos fundos bolsos de onde as mãos
se desabituam do retiro não
apalavrado;
sabendo
que somos
maestros da música bebida pelos nossos olhos
e das mãos trazemos os
milagres:
a “segunda vida”
(como acertadamente definiste).
Devolvemos as luas brancas
sem trevas impostoras
pedaços de alma sem algozes
prazeres sem confissão
e só a nos devemos a redenção:
do junho não temos nuvem
mas apenas a heurística
o conta quilómetros a zero
e as estradas que quisermos por
arrotear
na soberana determinação da
vontade
na insubordinação das palavras
que compomos
entre os vales adormecidos
a que cuidamos de emprestar fulgor.
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