9.6.17

Junho

Nas montanhas ideais
onde os freios deixam de ser freios
e as lâmpadas ensaiam a luz sem peias
no equinócio onde se orquestram as almas
sem pastor para as apascentar 
tirando as meadas das grutas inóspitas
remoendo o trovão disfarçado
sem medo dos medos que sejam
e dos fundos bolsos de onde as mãos
se desabituam do retiro não apalavrado;
sabendo
que somos
maestros da música bebida pelos nossos olhos
e das mãos trazemos os milagres:

a “segunda vida”
(como acertadamente definiste).

Devolvemos as luas brancas
sem trevas impostoras
pedaços de alma sem algozes
prazeres sem confissão
e só a nos devemos a redenção:

do junho não temos nuvem
mas apenas a heurística
o conta quilómetros a zero
e as estradas que quisermos por arrotear
na soberana determinação da vontade
na insubordinação das palavras que compomos
entre os vales adormecidos
a que cuidamos de emprestar fulgor.

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