7.6.17

Língua franca

Não são as heresias
que matam o mundo.
Deixem os chapéus aninhar-se
depois dos prolegómenos pristinos
e as cavalgadas loucas tomarão sentido.
Houvesse alfândegas caídas
e os homens armados andassem nus
as palavras só seriam ditas se fossem honestas
as noites fossem brancas quando apetecesse
as paredes das casas, caiadas e lisas,
não fossem timoratas
e houvesse vontade para desaprender
e depois voltar a aprender
como se tudo houvesse para aprender.
A língua franca entronizada
e os gestos espontâneos
as palavas sentidas,
sem pesar
e o céu sem ser um fardo a amofinar o corpo
e as coisas todas fossem inteiras
no possível e no impossível
até que não houvesse lugares ermos
e as homenagens fossem distribuídas a eito
equânimes
no desembaraço dos corpos 
desatados de seus freios
mercê da língua franca
toda ela franca,
leal.

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