Diamante delapidado
no probo alguidar da crítica
merecedor que fora dos encómios sem par
atirado para o canto da irrelevância.
Era sabida a sua prolixa condição
a verve parafrástica
a linguaruda teia opinativa
a admiração
que deixava em rasto
depois da sua passagem.
Dele se dizia
ser um quase sucedâneo divino.
Um dia
o chão
fugiu sob os pés
e no precipício fundo o seu corpo se entregou
como cofre baço onde teriam guarida
os ossos finais:
a mera metáfora da singularidade
que
(de acordo com as lendas)
fora.
A sua serventia
era a mesma do cofre sepultado no abismo
que era a morada ao fim do
precipício:
lugar tão
remoto,
inóspito,
infrequentável.
Não
havia ninguém para o recordar.
Agora,
só
era um diamante delapidado;
ao final,
deixara de ser diamante.
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