26.6.17

Terramoto

Aparte os desvios tardios,
a vigorosa árvore,
fecunda,
emoldura o sorriso sedento
no rosto gentil que espera.

Aparte os gritos sentidos
as vozes cavernosas
irrompendo da baía das palavras
onde se ensaiam as varandas feéricas
as lembranças dos rios caudalosos
as lembranças do tempo cheio:
o tempo
de que ainda não temos medida.

As pedras duras
não são embaraço:
tecemos as teias que correm
nos corredores paralelos
onde a vertigem dos olhos famintos
estreita as paredes até se poderem abraçar
com as mãos caçadoras.

As pedras duras
esmioladas entre a mansidão das palavras
e nós,
alquimistas supremos,
cuidamos do trono que pertence
às mansas palavras.

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