29.6.17

Moderado

Os frutos maduros
inclinados sobre a mesa
servem-se sobre o abrigado olhar.
Um aspirador magro
dentro da bacia da farinha azeda
cozinha os profetas variegados
os demenciais espíritos treslidos
sem âncora para a colheita.
Piores as comendas
as comendas ungidas pela ferrugem
da ultrajada confraria
onde repousam,
ao alto,
os endemoninhados celtas bastardos.
Oxalá,
os pontos atilados no céu burocrático
não desfizessem os sonhos
não desmentissem as ilusões;
oxalá
não fossem teares envelhecidos
senescentes
servis na sua usura.
Pois são
sonhos e ilusões
redutos onde proibida é a entrada
aos vendilhões
aos acrobatas do medo
aos lacraus da incultura.
Batem à porta.
Oxalá
pudessem cruzar-se os dedos.
Mas não há superstição que chegue.
(Temos medo
que sejam os ladrões dos sonhos?)

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