14.6.17

Dédalo

Calcado o tojo saliente
caminho adestrado
sem suplício.
As cordas gastas
deixaram os braços sem medo
e os animais que pastoreiam
conferem o sumo da liberdade.
Não são os grandes penedos
as incrustações do sol crestado
o vento furtivo
a noite ao longe
que prestam o embaraço do tempo:
vivas as vozes
o sal ungido sobre o corpo gelado
e as portas que se descerram
no triunvirato do amanhã:
entrega
totalidade
singeleza.
Nos estimados planos atrás
sem chaves com cabimento
devia ao futuro os braços erguidos
e as palavras cingidas à janela estriada.
As fronteiras fechadas
não deixam ver o mar composto.
Antes mergulhar nos interstícios das palavras
desenhá-las com tinta da china
dar-lhes o amparo que precisem.
De hoje para amanhã
talvez
venham a ser precisas.

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