De onde chegam
as nuvens que se
deitam
sobre o olhar vencido?
Punhais sem mão
bustos em
demanda de rosto
serpentes afiveladas
uma corda-garrote
atando o pescoço
um teto feito de
água
apneia
ósculos de
gente-pesadelo
montra com cadáveres
para comer
grotescos
artistas
o corpo nu na
rua
sumidades impantes
madraços suplicando
boçalidade
eruditos a
braços com estorvos na escrita
o ridículo
velhos curandeiros
de sotaina
novos curandeiros
sem sotaina
deserto
divindades com mácula
preces
sangue a sair
das veias notórias:
medos.
E o medo de ter
medo
nos estouvados labéus
labirintos só
com porta de entrada
precipícios sem
aviso
nevoeiro no
quarto
chão sem chão
e o avesso dos
medos;
medos ainda
um polvo
disforme
tentáculos a
perder de vista
em asfixia dos
sentidos.
Sem saber
se é pesadelo,
apenas
ou medo tangível
locupletando a
lucidez
tornada contumaz.
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