Vitrina sem estátua.
Estátua sem
corpo.
Corpo sem
cicatrizes.
Beijo sem rosto.
Rosto sem rugas.
Rugas sem idade.
Leis sem Estado.
Estado sem dor.
Dor sem analgésicos.
Lições sem
professor.
Professor sem ciência.
Ciência sem
escolas.
Pesar sem lágrimas.
Lágrimas sem chão.
Chão sem mangas.
Sotaina sem
cura.
Cura sem credo.
Credo sem rituais.
Mar sem maresia.
Maresia sem manhã.
Manhã sem
estertor.
Mercado sem
moeda.
Moeda sem
suserano.
Suserano sem
poder.
Luto sem mortes.
Mortes sem
sofrimento.
Sofrimento sem
viúvas.
Cancela sem
fronteira.
Fronteira sem
terra.
Terra sem lugar.
Atleta sem
desporto.
Desporto sem vitória(s).
Vitória(s) sem
orgulho.
Viagem sem mapa.
Mapa sem
limites.
Limites sem
preconceito.
Vinho sem cerimónia.
Cerimónia sem
confrades.
Confrades sem
motivo.
Espada sem guerra.
Guerra sem exército.
Exército sem
generais.
Bazófia sem
pança.
Pança sem
cerveja.
Cerveja sem
estroinas.
Talheres sem
restaurante.
Restaurante sem
amesendação.
Amesendação sem
gastronomia.
Pureza sem ética.
Ética sem gente.
Gente sem
avental.
Livro sem páginas.
Páginas sem
cais.
Cais sem musgo.
Palavras sem
dificuldade.
Dificuldade sem
esforço.
Esforço sem
vento.
Corcunda sem médico.
Médico sem arrogância.
Arrogância sem
estilo.
Vaidade sem
coro.
Coro sem voz.
Voz sem prumo.
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