A
cidade nua
desfolha-se
através da escotilha entreaberta.
Não
se sabem se as costas cansadas
dão
cais aos sonhos angariados
ou
se são apenas a porta transversal
de
uma cidade antípoda
os
raios vidrados da cidade sonhada.
A
cidade nua
respira
o odor da chuva na terra ressequida.
Respira
demoradamente
enquanto
se embebe nos taninos singulares
de
um vinho imaginado
embarcado
em navios sabiamente desenhados
sulcando
o rio sem o magoar.
Na
cidade nua
desaprovam-se
os preconceitos a eito
povoam-se
os hábitos com desábitos a preceito
à
mercê do vinho a rodos
que
por todos é bebido
em
noviço festim.
Até
que tudo fique nu
impurezas
que deixam de o ser
segredos
sem cortinas
tratados
assinados a tinta da china.
Sem
supor
que
há ardis por desnudar
sobressaltando
a altiva nudez da cidade.