9.10.17

Amálgama

De que é feita esta amálgama?
De que sol fundido se orquestram as palavras
entre os berços vadios
e arbustos revezes?
Destronei os patíbulos do dissídio
em desfavoráveis tempos
de argutos, insensíveis escanções das almas
contra os abutres famintos
sobrevoando os contratempos em pose impante.
Não fugi das cartografadas responsabilidades
não as afugentei para lugar incerto
e aos sobressaltos não fechei os olhos.
Não terei sabido de muita coisa.
Não terei sabido tomar nas mãos,
em sentido próprio,
as intentonas cruéis
os abjetos tronos das divindades impostoras
os embaraços diurnos
as majestosas lápides deselegantes
os pesqueiros sem proa
os mares das ondas indolentes.
Não havia sangue derramado
nem cicatrizes tatuadas na pele molestada.
Tirando isso
sei o lugar da intrincada amálgama
e não sei o resto:
de que é feito esta amálgama.
Mas sei
do sólio insensato das mágoas sobrantes
e da alvorada emoldurada no rosto radioso,
no intemporal sentido das perguntas
a que não desaguam respostas.

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