25.10.17

Rumor

Espólio em cavalete
aguarela vivaz,
intacta
cor dos lábios carnudos
erupções em desafio. 
Morro por dentro da vida
em sentinelas orquídeas
tutoras das cores
tribunais sem apelo,
supremos.
As vozes sombrias
(seleção do medo sem medo)
costuram as pueris confianças
no latejar dos olhos envidraçados
no remoço eternamente prometido.
As coisas não valem nada.
A não ser
o valor que têm nas mãos abertas
desenhadas nas palavras cilindradas
em arabescos singulares
indomesticáveis.
Acabe-se
com o pesar sobre as nuvens
a cicuta disfarçada
o vinho estragado
os poros entrapados na estultícia.
Morte à morte
para sabermos
que a vida é efémera.

Sem comentários: