4.10.17

As cortinas baças


O sextante enferrujado
na proa desabitada
espera por mãos seguras.
Talvez marinheiras,
as mãos
precatando o roteiro cautelar
por entre marés medonhas
e visitas de anjos promitentes.
É como uma boda
as harpas sabiamente dedilhadas
em acordes mastins que deliciam os celebrantes
e sorrisos incautos
sorrisos ardis
cortesias militantemente farsantes,
provocatórias na deslisura sua vertedura,
palavras baças pelo vinho excessivo.
No dia seguinte
poucos guardam memória.
Não gostaram do sextante
servido em cristais admiráveis:
oxalá não houvesse sextante oferecido
em remoques risíveis que atordoam
– protestam,
entre duas cefaleias e três fármacos,
os invisíveis celebrantes à míngua de memória.
Pois o male
(insistem)
é o sextante e sua existência.

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