15.10.17

Mãos atadas

O pugilista de mãos atadas
ruboriza na varanda dos estorninhos
fumando nervosamente
rindo compulsivamente.
Roubaram as luvas.
E ele não sabe da sua mantença.
Amanhã
se acordar
(e se pesadelo não for o caso)
há de cuidar das mãos,
metê-las num tesouro arcaico
e às mãos pedir
fazenda para as comendas
de que se diz merecedor.
O pugilista de mãos atadas
aprendeu preces a destempo,
em dobro:
reza para ser atendido
e para a distração das divindades.

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