7.10.17

Chave

Atirada a chave ao ar
no aleatório movimento da demência
não sabia se ganhava a cor do vento
ou se tinha diluição nas águas pluviais.
O cinto armado
sobre o coldre gasto
não constituía fiança.
Cantava ao longe o coro outonal
e as estrelas timoratas,
amalgamadas nas nuvens,
mal acendiam a noite rompante.
Procurou a chave.
Mapeou o chão
e os vestígios das águas pluviais
enquanto a cidade se esvaziava
com a noite por testemunha.
Achou a chave
Por entre detritos encostados a um baldio
tomada pela sujidade
na imundície de quem se acha perdido
e configura os passeios da cidade
em errância venal.

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