26.1.17

Arco do triunfo

Balbuciam
as cores entranhadas
em coros sem rosto
em árias pontuadas por grilhetas sem nó
em nós,
que sabemos ser ouvintes.
Coram na aposia irrecusável
em iracundo devaneio
contra as paredes estimadas
contra o vento sem freio.

Talvez se saiba à noite
as cordas atenuadas do sopor
as imagens diáfanas de crianças sem maldade
as montanhas sucessivas sem firmamento
e o rio estroina que escarva seu caudal.

Quem sabe
as feridas insanáveis sejam sinal?

Desaproveitem-se
elogios-marasmo
engodos que espreitam nas esplanadas
sapatos sem tamanho para os pés
ideias em saldo
betuminosas personagens desinteressantes.
Os murmúrios quentes
afagam o sono adiado
e os olhos fundos chamam
no chamamento mais fundo de que há saber.

Diante do resto
tudo é menoridade
tudo é pasto sem seiva
tudo é mar sem vista para a cidade.

Oxalá não haja mapas queimados
entre o restolho do outono
e o olhar fundo,
emergindo das funduras da alma,
coabite na perenidade do tempo.

Sem comentários: