Das folhas frescas
no parapeito do orvalho
sobra um pedaço da manhã
– como se houvesse carestia
em lembrar a manhã.
Num amontoado de nuvens rasantes
medra o néctar
procurado
os dedos ungidos por préstimos não sofríveis
o peito cheio de vida cheia
um desfiladeiro apreciado desde o
fundo vale
um caule decadente de uma flor
arrancada ao chão
as pessoas de cujas vidas se sabe nada
um nada concentrado nas páginas não abertas
de livros que esperam vez.
Oxalá o
chão fosse atapetado
por pétalas lilases
pétalas
que derrotassem os pesares amorfos,
que não
capitulam.
Como se fosse preciso
levantar estátuas imediatas
a heróis
sem probabilidade,
eleitos sem eleição
no mais puro hiato
entre a indolência dos povos
e uma soberba linhagem
sem gente por representação.
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