1.1.17

Rouca a voz distante

Rouca a voz distante.
Mercê de coisas quiméricas
arrebatamentos não banais
vistas atiradas para páginas depois
pele adestrada para o frio das estepes
refeições singelas comidas no parapeito
algas colhidas ao acaso na embocadura do mar.

Rouca a voz distante
mas suficiente para o demais:
as proclamações vertiginosas
os cálices verticais
os olhos sambados
os arbustos cheios de mel
as areias recebidas no luar
as estrofes que desaproveitam preces
os beijos desatados
os filhos servidos em ouro
os braços maduros pelo entrelaçar.

Rouca a voz distante
mas voz
e
portanto
presente.

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