Em tempos
fui arquiteto
das estrelas.
Depunha as mãos
numa mina seca
e conseguia trazê-las
molhadas
deixando água
aos vindouros.
Em tempos
cinzelando as
arestas das estrelas
fermentei o sal
das dunas
sob o olhar
inquisidor do sol superior.
À maresia
ia buscar as lágrimas
enxugadas contra
as rugas da fazenda gasta.
E nem que visse
crianças em prantos
as bainhas da
alma se descompunham:
tal era um
estado transitório
pois não há água
que chegue no mundo
para prantos
imorredoiros.
Os tempos
em que fui
arquiteto das estrelas
não findaram.
Só que hoje
na bússola do
tempo
por entre as
traves encardidas dos bosques
e as ruas estouvadas
das cidades
vagueiam almas
vadias
almas impertinentes
almas que
desajustam o tear dos auxílios.
Não precisam de
estrelas para nada.
Ainda bem.
Era oneroso ser
arquiteto das estrelas
e ter por esteio
os lamentos dos outros.
Sem comentários:
Enviar um comentário