Notas o aroma
que adeja sobre a cidade?
Sentes os ramos das árvores
a tremeluzirem na orla da noite?
Concebes o dia cansado
na sua estação meã?
Aproveitas o dorso do cavalo
sem medo sequer de teres medo?
Medes o estalão dobrado
que se encerra no fogo estiolado?
Assinas o livro de homenagem
ao personagem de alma estilhaçada?
Foges dos sobressaltos epistolares
até dos que se alteiam sem pré-aviso?
Abraças destemidamente
quem julgarias não poder abraçar?
Tens como hipótese
a dilação dos pressupostos?
Tens como hipótese
a fruição dos frutos sazonais?
Tens como hipótese
pegar o céu com as mãos marcadas?
Tens como hipótese
beber daquele vinho recusado?
Apetece-te apenas levantar os braços
e gritar contra o muro da noite
como se fosse urgente em expulsar demónios?
Apetece-te sufragar os desejos
numa piscina sem janelas?
Apetece-te confirmar a pele
que se congraça na tua?
Apetece-te o irreprimível pulsar
que vem por dentro de um retrato?
Apetece-te
apenas o que vier à colação de um apetite?
Apetece-te levantar o véu
a outras demandas semelhantes?
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