29.1.17

Marégrafo

Será que somos como nós
– a pele escondida
feitios vorazes
cores embebidas
vinho que não se adia
olhares sobre as coisas
corpos transidos?

Não importa
se somos como a linhagem herdada.
Só importa
sermos o que vier na rede
no púlpito da vontade
no sereno beijar do mar às pedras do cais.

Juramos não atraiçoar
a não ser a linhagem reverberada,
de dentro para fora.
Até que os impolutos jurados
sentados na sua sentida cátedra
se desmoronem corroídos por uma podridão
do tamanho do seu atavismo.

Nós somos fautores
dos nós que em nós de desatam
e repercutimos na tela as tenções que marejam
nos interstícios das veias.

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