9.1.17

Farol promontório

De um farol promontório
as luvas macias da relva-musgo
e vultos inesperados em coreografias
levantando as ondas do mar.

De um farol promontório
a noite clara na embocadura do cabo
desassisando prometidos fantasmas
em voos sem rosto.

De um farol promontório
em vez de cortinas rasgadas
em vez das profundezas da penumbra
uma centelha de ouro lídimo.

De um farol promontório
cinco minutos de cada vez
sem a espera mutilante
em relógios vazados e sem ponteiros.

De um farol promontório
às voltas com demandas excruciantes
em pelejas indemonstráveis
pedras leves nos mastros ao longe.

De um farol promontório
sinais de fumo orquestrados por um solitário
e os marinheiros penhorados
inclinam-se na rota serenada.

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